quinta-feira, 30 de junho de 2011

Produção paulista de grãos na safra 2010/11 deve atingir 6,7 milhões de toneladas



A colheita paulista de grãos na safra agrícola 2010/11 deve atingir 6,7 milhões de toneladas, um acréscimo de 1,9% em relação ao ano anterior, de acordo com o 4º levantamento de previsão e estimativa de safra realizado em abril pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (C ATI), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.  

A produção de soja deve aumentar 10,9%, para 1,53 milhão de toneladas, frente à safra anterior, principalmente pelo aumento de 7,7% na área (para 524,19 mil hectares). Já a produção de milho safrinha deve atingir 1,13 milhão de toneladas (acréscimo de 8,7%), também beneficiada pela ampliação de 9,2% na área cultivada (para 276,87 mil hectares). 

Por sua vez, a produção de milho de verão deve atingir 3,26 milhões de toneladas (decréscimo de 3,1%) devido à redução de 5,2% na área (para 558,67 mil hectares).  O milho vem sofrendo nos últimos anos forte competição de área com atividades de menor risco e mais rentáveis, como as da cana-de-açúcar e da soja, dizem os pesquisadores do IEA responsáveis pela previsão de safra.   

O conjunto das culturas anuais apresenta acréscimo de 6,06% na produção e de 5,42% na produtividade da terra, com estabilidade na área plantada (0,60%), segundo os técnicos do IEA. No caso específico dos grãos, espera-se aumento na produção (3,18%) e na produtividade (3,6%) e leve decréscimo na área (0,4%).

Destaques ainda para amendoim das águas, com previsão de produção de 205,52 mil toneladas (aumento de 17,8%); batata de inverno, 332,45 mil toneladas (mais 3,9%); batata da seca, 149,97 mil toneladas (14,9%); feijão das águas, 138,96 mil toneladas (mais 2,4%) e arroz, 100,22 mil toneladas (mais 5,5%).  

As culturas perenes e semiperenes apresentaram ganhos de produção (1,97%), de produtividade da terra (0,81%) e de área plantada (1,02%). 

A cana-de-açúcar para indústria deve somar 437,53 milhões de toneladas (acréscimo de 1,8%), com área praticamente estabilizada em 5,75 milhões de hectares. Já a produção de laranja é prevista em 369,16 milhões de caixas (mais 14,6%), de acordo com o levantamento IEA/CATI/CONAB. 

No caso do café, o levantamento IEA/CATI estima encolhimento de 24,4% na safra, para 3,7 milhões de sacas beneficiadas, devido à menor produtividade da terra (21,7%), principalmente por causa da bienalidade da lavoura, e à redução de 2,7% na área (para 217,08 mil hectares).     

A produção de mandioca para indústria é estimada em 1,05 milhão de toneladas (mais 7,0%) e a de tomate envarado deve somar 550,52 mil toneladas (mais 10,3%).



Link: artigo na íntegra.




José Venâncio, APTA,  jun. 2011.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Preços agrícolas caem 1,78% na terceira quadrissemana de junho

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que me os preços pagos ao produtor rural, caiu 1,78% na terceira quadrissemana de junho, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. A maior queda foi verificada no índice de preços dos produtos de origem animal (recuo de 2,92%), já que o índice de preços dos produtos de origem vegetal apresentou variação negativa de 1,32%.

A convergência de todos os indicadores de preços para baixo parece revelar que cessaram as pressões inflacionárias dos preços agropecuários, dizem os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves. “De qualquer modo, verificam-se patamares de preços ainda altos para a maioria dos produtos.”

Os movimentos dos preços, em especial daqueles cuja formação tem contribuição relevante do mercado internacional, passam a refletir as entradas e saídas de capital das bolsas de mercadorias, impactadas pela crise grega que pode se alastrar pelo continente europeu, segundo observam os analistas do IEA.

Dos produtos pesquisados, oito apresentaram alta nos preços (seis de origem vegetal e dois de origem animal, enquanto 12 apresentaram queda (oito de origem vegetal e quatro de origem animal).

As quedas mais expressivas ocorreram nos preços da batata (25,51%); da carne suína (17,16%); do algodão (15,45%); da laranja para mesa (13,16%); do amendoim (5,07%) e da carne de frango.

O pico da safra da seca de batata, este mês, despejou no mercado enorme quantidade do produto que é bastante perecível, exacerbando assim os efeitos da sazonalidade, o que diminuiu os preços recebidos pelos produtores, explicam os pesquisadores do IEA. Já os problemas nas vendas da carne suína para a Rússia, que embargou o produto de várias empresas com a alegação de não-cumprimento de padrões sanitários, aumentaram a oferta no mercado paulista.

A cotação do algodão apresentou queda conjuntural em função do movimento de redução dos preços internacionais, observam os analistas. “Além disso, os preços da pluma no Brasil sofrem os efeitos das importações de têxteis chineses, feitas pelas agroindústrias nacionais de vestuário e confecções, e das possibilidades de ganhos financeiros nas importações de pluma, a prazos largos e juros baixos, numa realidade de juros internos crescentes.”

A retração dos preços da laranja de mesa revela uma realidade distinta do ano passado, dizem os pesquisadores. “Uma safra dentro da normalidade não tem sido capaz de absorver a oferta estacional mais intensa, reduzindo os preços recebidos pelos produtores. Em função disso, os preços da laranja de mesa se aproximaram dos preços da laranja para indústria que se tem mantido com variações reduzidas.”

Já a boa oferta da carne de frango, frente à demanda estabilizada, reflete queda nas cotações das aves, informam os técnicos. “Além de frango no mercado spot, animais oriundos de integrações sob posse das agroindústrias continuaram apresentando excedentes nos corredores de abate, o que movimentou para baixo os preços recebidos pelos criadores.”

As altas mais relevantes foram verificadas nos preços do tomate para mesa (32,54%); do leite B (7,28%); do leite C (4,69%); da soja (3,66) e do milho (2,11%).



Leia a análise na íntegra.


José Venâncio, APTA, 28 jun. 2011.

Commodities já representam 71% das exportações do país



As commodities representaram 71% do valor total exportado pelo Brasil no acumulado de janeiro a maio deste ano. No mesmo período do ano passado a participação das commodities foi de 67%. As vendas ao exterior desse tipo de produto avançaram em ritmo mais acelerado do que as de manufaturados. Nos primeiros cinco meses do ano, a exportação de commodities cresceu 39,1% em relação a igual período de 2010, enquanto os embarques de manufaturados subiram 15,1%.
O cálculo é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e não considera somente as commodities classificadas pelo Ministério do Desenvolvimento (Mdic) entre os básicos. Ela leva em consideração também as commodities classificadas como semimanufaturados e também as que, em razão de incorporarem alguma industrialização, estão enquadrados nas estatísticas oficiais como manufaturados. Entre as commodities industrializadas estão açúcar refinado, combustíveis, café solúvel, alumínio em barras, entre outros.
"Isso significa que temos 71% de nossas exportações baseadas em commodities. Ou seja, em produtos cujos preços não controlamos", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele lembra que o avanço dos produtos primários na pauta de exportação brasileira se intensificou desde 2009. Naquele ano, a fatia das commodities nas vendas ao exterior era de 65,6%. No ano passado todo, foi de 69%.
O aumento de participação do total das commodities foi influenciado, principalmente, pelo avanço dos produtos mais básicos, cujas exportações subiram 45,6% de janeiro a maio de 2011, na comparação com o mesmo período do ano passado. As commodities beneficiadas e as industrializadas, classificadas pelo Mdic entre os semimanufaturados e manufaturados tiveram, respectivamente, crescimento de 30,9% e 20,5% - ainda um ritmo mais acelerado que o dos produtos manufaturados de maior valor agregado, que tiveram aumento de 15,1%.

Enquanto os produtos primários avançam nos embarques brasileiros, diz Rogério César de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), a balança comercial de manufaturados no Brasil vem acumulando déficits cada vez maiores.
De acordo com levantamento do Iedi, no primeiro trimestre do ano passado a indústria brasileira de manufaturados teve déficit de US$ 7,5 bilhões. O saldo negativo saltou para US$ 10 bilhões nos primeiros três meses de 2011. No acumulado do ano passado, o déficit chegou a US$ 35 bilhões. "Para este ano estimamos que esse valor ultrapasse os US$ 50 bilhões."
O que explica o avanço das commodities foi basicamente preço, diz Castro. No acumulado de janeiro a maio, o valor exportado em minério de ferro cresceu 107,3% em relação aos primeiros cinco meses do ano passado. No período, o volume exportado cresceu 4,49% enquanto o preço subiu 98,4%. A soja exportada aumentou 22,7% em valores. De novo, foi o preço quem comandou o crescimento, com alta de 30,7%, enquanto o volume embarcado caiu 6,2%.
Os preços dos produtos primários, lembra Souza, não seguem apenas o movimento de oferta e demanda. "Esses preços são pressionados também pelo mercado secundário, que pode buscar outros ativos mais rentáveis a qualquer momento", diz ele. Para castro, "há ainda uma grande liquidez no mundo, embora os preços das commodities nos últimos meses tenham mostrado que há uma certa saturação nesses mercados".
Em termos de demanda, lembra Castro, a exportação brasileira de commodities está fortemente baseada no crescimento econômico da China. Se houver desaceleração do crescimento chinês o impacto na demanda será global e isso contribuirá para reduzir mais rapidamente o valor das exportações brasileiras do que o das importações, diz Souza. A volatilidade de preços das commodities é muito alta e tem efeitos imediatos, explica o economista do Iedi.
Já os preços dos manufaturados, que representam 80% da importação brasileira, diz Castro, vão demorar a sentir o recuo. "Os manufaturados têm contratos fechados por prazos mais longos e há maior fidelidade ao fornecedor."
Castro lembra ainda que alguns mercados importantes de manufaturados brasileiros, como os países da América do Sul, têm economia atualmente impulsionada por um motor semelhante ao brasileiro: a exportação de commodities. "Caindo a capacidade de exportação desses países, haverá também menor demanda para importação, o que afeta as vendas brasileiras de manufaturados ao exterior."
O resultado para o Brasil pode ser uma redução de superávit ou geração de déficit, com os efeitos resultantes nas contas fiscais e eventualmente na inflação.
Castro acredita, porém, que o atual cenário deve ser mantido pelo menos até o fim de 2011. Importantes produtos na pauta brasileira de commodities, como a soja, por exemplo, diz, já foram vendidas. "Os contratos foram fechados, com preços já definidos. O grão só não foi entregue", diz. O minério de ferro, outro item primário importante, já está com o preço para o terceiro trimestre definido. "O quarto trimestre ainda está em aberto, mas deve manter patamar de preço semelhante ao atual, a menos que haja alguma mudança repentina no mercado externo."
Marta Watanabe, Valor Econômico, 29 jun. 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Preços agrícolas sobem 1,18% na segunda quadrissemana de fevereiro

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que mede os preços pagos ao produtor rural, subiu 1,18% na segunda quadrissemana de fevereiro, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA)  da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O índice de preços dos produtos de origem vegetal aumentou bem acima do índice geral, ou seja, 3,18%, enquanto o índice de preços dos produtos de origem animal caiu 3,80%.

Dos produtos analisados, 10 produtos apresentaram alta nos preços (nove de origem vegetal e um de origem animal), enquanto oito produtos sofreram queda (três de origem vegetal e cinco de origem animal). As altas mais expressivas ocorreram nos preços do tomate (38,35%); da laranja para mesa (14,04%); do café (8,93%) e dos ovos (5,67%).

Os preços do tomate subiram por conta das chuvas continuadas, que geraram perdas de colheita, com impacto conjuntural no abastecimento do produto numa situação de demanda aquecida e safra menor, dizem os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves. Já os preços da laranja de mesa refletem o impacto da demanda típica do verão sobre o consumo de sucos naturais, numa conjuntura de menor oferta. “Além disso, há a pressão da entressafra ´fisiológica da planta´, ofertando menor quantidade de frutas.”

Os preços do café elevaram-se devido às pressões da demanda internacional e aos menores estoques mundiais, segundo os analistas do IEA. Também no mercado interno houve crescimento do consumo, inclusive de cafés de melhor qualidade, o que impactou os preços.

A menor oferta de ovos, explicam os pesquisadores, foi desproporcional à conjuntura anterior de preços baixos, associada à pressão de demanda, em especial pela agroindústria de massas alimentícias e de panificação e confeitaria com a proximidade da páscoa e o incremento do consumo.

As quedas mais relevantes foram verificadas nos preços da banana (34,81%); da carne suína (16,23%); do arroz (11,41%); da carne de frango (6,81%) e do feijão (4,06%).

A íntegra da análise está disponível em http://www.iea.sp.gov.br.

Assessoria de Comunicação APTA.
http://www.apta.sp.gov.br 

sábado, 18 de dezembro de 2010

A proposta

Desde quando entrei para o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sempre tive uma ideia fixa de tentar contribuir melhor para a divulgação da agricultura paulista de forma menos retórica, ou seja, não utlizar princípios científicos ou acadêmicos e dispor a informação de forma mais direta, tentando de alguma forma, analisar a informação contida nas publicações do IEA.
Depois de algum tempo e um pouco de aprendizado sobre os conceitos de agricultua - particpei de cursos com pesquisadores como o Dr. José Sidnei Gonçalves, Dr. Mário Antonio Margarido, Dr. César Roberto Leite da Silva entre outros e, também, de conversas com outros pesquisadores da casa como Dr. Luis Henrique Peres, Dr. Richard Dulley e vários outros  - vi que ainda não estou preparado para promover um embate das ideias e teorias, mas creio que poderei fazer tentativas de expor um pouco da visão que adquiri ao longo desses dois anos de boas experiências.
Quando iniciei minhas atividades, minha função era única e exclusiva a de editorar os artigos para entrarem em publicações como Informações Econômicas, Revista de Economia Agrícola (antiga Agricultura em São Paulo), Textos para Discussões, Análise e Indicadores do Agronegócio. Atualmente, além de editorar esses textos, também faço parte de outras áreas, como a revisão bibliográfica dos artigos, como membro do comitê editorial do site (www.iea.sp.gov.br), membro do grupo horizontal de comunicação e redes sociais da SAA, membro do conselho fiscal da Cooperativa de Crédito dos Funcionários das Secretarias da Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrícola do Estado de São Paulo (Cooperceres), membro dom Comitê Brasileiro de Informação e Documentação da ABNT, além de minhas atividades filantrópicas, como diretor das ONGs Abraphel e Instituto Canguru e também como membro do comitê de ética em pesquisa da Uninove.
Todas essas atividades, num curto espaço de tempo, me amadureceu muito e me fizeram analisar as situações de uma forma mais macro, vislumbrando vários horizontes ao mesmo tempo.
Lá no início, quando ingressei no IEA, tinha uma ideia de que para se resolver a questão da fome, ou do abastecimento, ou a crise alimentar que poderia advir (que se pensava pouco antes da crise de 2008), bastava apenas uma canetada, ou pelo menos vontade política para se resolver tais problemas. Passados meros 24 meses, percebo que existe uma estrutura muito complexa e, para desenvolver e fazer crescer a mais simples das áeas que seja, é preciso movimentar muitas peças, muitas engrenagens. É preciso acontecer muitos diálogos, muitas discussões, ver e rever ideias, opiniões. Há uma estrutura muito complexa que, por mais que se queira facilitar, ou mesmo, questões de urgência como o agravamento da fome, é preciso mover muitas e muitas barreiras. Um simples ato não resolve nenhum problema se quer.
Sendo assim, tentarei expor aqui minhas ideias, minhas dúvidas e minhas opiniões sobre esse fabuloso mundo do agronegócio paulista.